sábado, 18 de outubro de 2008

Dia 05

Cheguei a Varjota, de onde estou escrevendo neste momento. A luz deste quarto de pousada está tão fraquinha que precisei alterar a posição da tela do notebook para ver as teclas direito. Eu sou daqueles que precisa olhar para elas ao digitar. Até aqui o dia já foi longo...

As dificuldades começaram logo pela manhã, ou melhor, na noite anterior, com o empate terrível do Brasil com.... com... com quem mesmo? Deixa pra lá. Naquele momento estava trabalhando nos dados coletados em Ipueiras. Confesso que gostei de lá. Eu gosto de localidades interioranas. São mais humanas e conservam muito da memória e cultura popular já muito diluídas em cidades grandes. A relação das pessoas coma Igreja, Nossa Senhora de Fátima, a Estação de Trem, as praças... isso só do que vi e pude conversar com algumas pessoas da cidade e região.

Voltemos ao Dia do Professor. Acordei às 6 horas, tomei um banho e fui ao restaurante tomar café. Foi só abrir a porta. Meu quarto ficava literalmente a 4 metros da recepção, 3 dos computadores com internet e diretamente ligado ao restaurante, um salão grande no mezzanino de um prédio defronte a uma das avenidas da cidade, ainda na entrada dela.

Depois do café, fiquei esperando alguém da Secretaria Municipal de Educação me buscar para iniciar os trabalhos. Esperei demais. A pessoa chegou por volta de 8 e meia, o que é tarde para o tipo de trabalho que tinha (e tenho) a fazer nos municípios. No caminho, fui conversando e descobri que a coisa ia ser mais complicada do que imaginava. Quando soube que Santa Quitéria é o município de maior extensão territorial do Ceará eu senti frio por uns segundos em pleno sertão cearense. Mas trabalho de campo é assim mesmo: você nunca sabe exatamente o que vai acontecer daqui a cinco minutos, por mais que haja planejamento. Ainda mais neste tipo específico de coleta de dados. Eles não estão parados como as plantas ou visíveis como o solo. Estão escondidos em planilhas e na cabeça das pessoas...

Saí da Secretaria de Educação às 5 e meia da tarde. Fiquei numa sala ampla, sem forro, bem aberta e com uma parede de cobogós pintados de branco (comum nas escolinhas do Nordeste e do Norte). Como sabemos, os cobogós e as portas abertas só têm serventia se há circulação de muito ar. E esse não foi o caso. Trabalhei os dados desde as 9 da manhã. Não saí nem para almoçar e, confesso, pensei que ia sair mais tarde. Muitos dados... impressos que precisavam ser digitados!!

Foi o tempo de chegar ao hotel, pagar a conta e seguir direto a Varjota, o próximo município, este no qual encontro. Infelizmente não consegui sequer fotografar Santa Quitéria. Acho que lá deve ter algo mais que a padaria da Angélica, um boteco-padaria que as meninas da administração escolar municipal e estadual de Ipueiras jocosamente me disseram ser a opção de diversão local. Ainda assim, uma coisa me chamou a atenção: passei por uma praça pequena que tinha um Banco do Brasil e um Bradesco, ambos gigantescos. Em geral, o tamanho dos bancos é proporcional à quantidade de dinheiro que corre na região...

Cheguei logo, afinal, parece que por estas bandas andar a menos de 120 km\h é crime. Andar de moto com capacete também não deve ser aconselhável, ainda mais na cidade. Daí outro problema: para onde ir em Varjota? Tentei ligar para o contato local e nada. Fui então para a prefeitura buscar alguma informação, já que o motorista sabia ir para lá. O rapaz que estava na portaria me indicou a casa da senhora que seria meu contato por aqui. Chegando lá descobri que ela havia acabado de sair. “Foi dormir na serra”, conforme me disseram.

O jeito foi ficar numa pousada no posto de gasolina da entrada da cidade. Aqui não está ruim. Não é nada 5 estrelas, mas é arrumadinho. Na verdade, lembra um quarto de motel beem simplesinho. Não vi nenhum vestígio de estadas passadas por aqui. Então, ainda é achômetro.

A cidade está em festa. Festa de prefeito eleito, com direito a palco montado quase no meio da estrada que vira avenida, a uns 50 metros daqui. Imaginem o que vai tocar... imaginem se vou dormir!

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