quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Dia 11

O dia de hoje começou como sendo o último dia de trabalhos de coleta de dados nas prefeituras. E acabou assim. Às 2 da tarde os dados já estavam coletados, restando apenas alguns ajustes na formatação de algumas tabelas e nomenclatura de fotos. Sendo assim, iniciei a série de visitas a lugares um pouco mais distantes: fui a uma praia. Mas não é uma praia como estou acostumado a freqüentar.

Levantei às 7 e meia da manhã. Dei-me a esse luxo porque só faltavam alguns detalhes nas planilhas dos municípios para entendimento. Não precisava chegar muito cedo. No entanto, com o andar da carruagem na Secretaria, percebi que as coisas eram um pouquinho mais complicadas. Mas tudo bem... isso acontece neste tipo de trabalho. Por mais que as coisas estejam quase certas, numa pesquisa de campo isso pode significar que nunca ficarão do jeito que se gostaria que ficasse. Ossos do ofício.

Às 2 da tarde havia terminado o trabalho, já no refeitório do hotel (usei as mesas de lá para não ficar enclausurado nem no meu quarto e nem na Secretaria). Fui direto pegar a moto e dar umas voltas pelas redondezas. Destino: praia de Arpoeiras.

O caminho até essa praia é por uma rodovia estreita, diria uma estrada vicinal asfaltada. Tem uns 10 km e é muito boa. A vegetação é verde e rasteira, com solo arenoso de tom branco acastanhado. Parece muito com vegetação de restinga. Há algumas casas simples na beira da estrada. Também passei por duas escolas estaduais. No quilômetro 8 o caminho para a praia muda. Entrei numa estradinha de terra após a caixa d’água do povoado. Segui sempre em frente.

Nas margens da estrada de terra surgem manguezais em lagoas grandes porém secas. Mais tarde fiquei sabendo que, quando a maré enche muito, essas lagoas também se enchem. Entrecortando os mangues, há residências simples e até uma pousadinha. No fim da estrada começam as casas de temporada (bem poucas). Termina na areia da praia, perto das barraquinhas pertencentes a pequenos bares.

Essa praia, como já havia sido informado, é uma das praias mais secas do Brasil. Isso quer dizer que quando a maré está na vazante, ou baixando, a distância entre a água e a parte de areia permanente no ponto de máximo de vazante chega a 3 km (três quilômetros!). Quando estive lá, o mar estava começando a baixar. Andei só algumas centenas de metros. Desnecessário dizer que a água e a areia são limpíssimos...

Outro aspecto desta praia e também da cidade de Acaraú: venta muito por aqui. Quem conhece Prado – BA sabe do que estou falando. Mas aqui venta mais forte. Em Brasília não há vento como os que estou tentando descrever. E descrever vento é um tanto quanto complicado... Enfim, o diabo do vento é fortíssimo e na praia é ainda pior. Só que, ao menos, não é frio e nem quente (esse é outro ponto difícil de descrever), é simplesmente agradável.

As barraquinhas também são diferenciadas. Por causa do vento, elas são cobertas com palha e têm também duas paredes deste material, justamente por onde sobre o vento. Dessa forma, no interior da barraca sopra no máximo uma brisazinha deliciosa. O ambiente é rústico: há redes de cordas feitas a mão a mesas de madeira com cadeiras de madeira e plástico. A uns 20 metros se encontram os bares-casas respectivos de cada barraca.

Conversei com a esposa do dona da barraca onde fiquei por umas 2 horas. A senhora de uns 60 anos, natural da região, me disse, entre outras coisas, que o mar está subindo cada vez mais. É um fenômeno que se observa em outras regiões do Nordeste. Ela me apontou um lugar onde “já teve casa”. E estava bem longe este lugar, mais apropriadamente no que minha vista identificou como meio do mar. Outro ponto dito pela senhora, que achou que eu tinha 25 anos (ponto para ela!): os peixes estão acabando, ao ponto de pescadores passarem o dia no mar e não conseguirem pescar absolutamente nada. “Há algo de podre no Reino da Dinamarca”, como reza o ditado...

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Seguem algumas fotos sobre Acaraú. Por falar nisso, uma palhinha sobre a cidade. Curiosamente, é uma cidade litorânea sem ter uma “praia do centro”, ou da “zona sul”, ou de onde quer que seja. A cidade foi formada longe do mar, talvez pelos motivos já descritos. Na faixa mais perto do mar residem pescadores e pouquíssimas casas de veraneio. Isso não quer dizer que ninguém venha para cá no carnaval ou no fim do ano. Vêm sim, mas a estrutura de turismo é precária. Fora essa praia, existem outras, mais distantes, mais freqüentadas nesses períodos e mais bonitas. Uma delas é bem famosa: Jericoacoara. Pode ser que amanhã à noite eu tenha notícias de lá e de outros lugares próximos.

Um comentário:

Patricia disse...

O coisinha chata esse seu trabalho!!
Vidinha mansa!